• Empresa cria máquina que simplifica a quebra do babaçu e potencializa a produção

    Uma inovação tecnológica, criada pela empresa Apoena, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao
    Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico do Maranhão (Fapema), por meio do edital Centelha II, visa mudar a realidade
    da extração de coco babaçu no Estado. Fruto de uma parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), foi
    desenvolvida uma máquina capaz de quebrar e descascar o produto em menos tempo e aproveitá-lo em sua totalidade.

    O coco babaçu serve como fonte de renda para diversas comunidades agricultoras no Maranhão, sendo utilizado na
    produção de óleo, farinha, biscoitos e outros derivados. Tradicionalmente, é extraído de forma manual, um processo
    demorado e exaustivo.
    O equipamento foi exposto no estande da Fundação, na 2ª Feira da Agricultura Familiar (Femaf), que acontece até este
    sábado, dia 7, na Lagoa da Jansen.
    A ideia de desenvolver a máquina surgiu quando a empreendedora, fundadora e CEO da Apoena, Márcia Werle, percebeu
    as dificuldades enfrentadas pelas cooperativas e famílias extrativistas, na extração do coco. Ela observou que o trabalho
    manual era muito cansativo e ineficiente, pois, a repetição das tarefas causava sérios problemas físicos nas trabalhadoras,
    além de limitações no ritmo de produção.
    “A máquina simplifica e agiliza o processo, aumenta a produtividade e o mais importante; melhora as condições de
    trabalho para as pessoas que vivem dessa extração”, ressalta.
    Márcia Werle conta que o desenvolvimento da máquina não foi simples. Para
    que a inovação fosse eficaz, era necessário entender profundamente as
    características do coco babaçu e suas variações, o que demandou testes
    constantes. O objetivo era fabricar um equipamento resistente e flexível o
    suficiente para lidar com diferentes tamanhos e formas dos cocos, o que exigia
    um design adaptável. Além disso, as dificuldades econômicas e as limitações
    orçamentárias foram obstáculos adicionais para a empresária.

    “Buscamos financiamento e apoio técnico, principalmente para a construção de protótipos e testes, que também foi uma
    etapa desafiadora, mas, conseguimos concretizar essa ideia”, comemora O presidente da Fapema, Nordman Wall, enfatizou que o incentivo à inovação e à sustentabilidade é um dos pilares da
    atuação da Fundação, que segue orientação do governador Carlos Brandão.
    “Projetos como o da Apoena mostram como é possível aliar tecnologia e tradição para gerar impacto social, ambiental e
    econômico. A máquina desenvolvida com apoio do edital Centelha II transforma a realidade de famílias que dependem do
    babaçu, promovendo mais renda, condições dignas de trabalho e aproveitamento integral dos recursos naturais. É isso
    que buscamos: fomentar iniciativas que transformem o Maranhão em um estado referência em ciência, tecnologia e
    inovação”, destacou.
    Mais sobre o projeto – A primeira máquina durou três meses, devido à dureza do coco babaçu. A segunda quebrava o
    fruto, mas não era eficiente para a separação das quatro partes do coco. Em 2016, após diversas tentativas, foi construído
    o equipamento que conseguia quebrar e, ainda, separar as partes do coco de forma eficiente. A máquina também
    possibilita um maior aproveitamento do produto.
    “Observei que as quebradeiras só utilizavam a amêndoa, que representa de 6% a 8% do fruto, o resto ou era descartado,
    ficava lá na floresta, ou virava carvão. Com a máquina foi possível pensar no processamento do coco e no aproveitamento
    integral, garantindo às comunidades uma renda maior e mais possibilidades no negócio”, explica Márcia Werle.
    O equipamento tem causado um forte impacto nessa cadeia agrícola e ajudou a melhorar a vida nas comunidades que
    dependem do coco babaçu para sua subsistência. A máquina inovadora foi inserida na fábrica da Apoena e os cocos, que
    são comprados diretamente das comunidades das mulheres quebradeiras, sem atravessador, fez nascer um modelo de
    negócio em que todos ganham. “Vemos as famílias que vivem do coco babaçu como fornecedoras e parceiras, para
    crescermos junto”, enfatiza Werle.
    Com esta estratégia, a renda das famílias fornecedoras do coco babaçu cresceu em média 30%, com a venda do produto
    inteiro

    Márcia Werle aponta a importância da Fapema no sucesso da invenção. Por
    meio de editais como o Centelha e o Inova Amazônia Tração, a fundação auxiliou
    com recursos financeiros e suporte técnico para viabilizar este e outros projetos
    da empresa.
    “Esse apoio foi um diferencial para avançarmos e acelerar em muitos pontos,
    tornando nossas ideias uma realidade. A Fapema é uma parceira importante e
    incentivadora dos negócios inovadores do Maranhão, somando para que este
    cenário se desenvolva e coloque nosso estado no topo deste ecossistema”,
    ressalta a empreendedora.
    O babaçu é composto por epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoa, que
    podem produzir 64 produtos, entre óleos, azeites, alimentos, cosméticos,
    medicamentos, carvão e energia, entre outros. A Apoena compra o coco inteiro
    das comunidades, o processa integralmente e faz o desenvolvimento de
    produtos nobres, a partir de coprodutos do babaçu.
    “Nossa meta para 2025 é termos 250 famílias fornecedoras envolvidas e termos
    processado no mínimo nove mil toneladas de coco babaçu”, adianta a CEO.
    A indústria da Apoena está localizada na cidade de Coroatá, que pertence à
    região dos cocais, a 260 quilômetros de São Luís. No local, um hectare de babaçu
    produz em média 2,5 toneladas de coco, já impactados e com a preservação de cerca de 75 hectares. Há previsão de uma
    segunda unidade, no Mato Grosso, onde também há coco babaçu em abundância.

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