O Norte do Brasil registrou o pior desempenho de frequência escolar nos dois primeiros anos da pandemia da Covid-19.
Dos sete estados localizados na região, cinco deles ocupam as piores posições do país, segundo o estudo “Retorno para escola, jornada e pandemia”, divulgado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, o FGV Social.
O levantamento aponta que Roraima (12,1%), Rondônia (8,87%), Amazonas (7,96%) e Acre (7,46%) aparecem no fim da tabela dos indicadores educacionais. O Amapá, com mais de 14,5% de crianças longe das salas de aula, é o último colocado.
Mais do que isso, os colégios da região também têm o menor tempo de aula em hora útil. Enquanto lugares como Brasília contabilizam três horas por dia, o Acre, por exemplo, não chega nem a 1h30min.
O economista da FGV, Marcelo Neri, explica que a situação se explica, dentre outros motivos, pelo difícil acesso desses alunos ao ensino remoto.
Neri também chama a atenção para o grande contingente de crianças nos estados nortistas, diferentemente do que acontece em outros locais do Brasil, que têm populações mais envelhecidas.
“Crianças dos estados da região Norte não estão estudando apenas porque não querem, mas porque não receberam o material. Isso pode acontecer por conta da infraestrutura para o ensino remoto ser baixa. No Pará, por exemplo, as distâncias são muito grandes. A região Norte tem um agravante, que é a quantidade de crianças. Por isso, deveria estar investindo mais em educação do que outras áreas do país.”, destaca o pesquisador.
Por outro lado, o Nordeste foi a região do Brasil com o melhor desempenho de frequência escolar nos dois primeiros anos da pandemia da Covid-19.
De acordo com as avaliações regionais da pesquisa, o destaque foi o Piauí. Apenas 1,19% das crianças piauienses, de cinco a nove anos, estavam fora das escolas na análise mais recente, referente ao terceiro trimestre de 2021.
Os números da última avaliação são próximos aos do quarto trimestre de 2020, momento de maior pico de evasão no país. À época, o panorama de não matriculados estava em 1,84%.
Desde 2012, o estado se mantém como a unidade federativa com as taxas de frequência mais satisfatórias em todo território nacional. Em 2019, um ano antes da chegada do coronavírus ao Brasil, o indicador chegou a 0,21%. Este foi o resultado mais baixo do Piauí em nove anos.
Também aparecem nas primeiras colocações o Rio Grande do Norte (2,19%), em segundo lugar, e o Ceará (3,08%), em terceiro.
Em seguida, estão Minas Gerais em quarto, com 3,32%; Maranhão em quinto, com 2,77%; Bahia em sexto, com 3,96% e Tocantins em sétimo, com 2,81%.
Por fim, Santa Catarina em oitavo, com 2,37%; Espírito Santo em nono, com 3,93% e Pernambuco, com 6,62% completam a lista dos 10 estados com o desempenho mais satisfatório.